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  • Foto do escritorDr. Bruno Miranda

Saiba tudo sobre a neuralgia do trigêmeo



O que causa uma das piores dores que o ser humano pode sentir? Quem são as pessoas mais afetadas? Como identificar um caso de neuralgia do trigêmeo? É possível prevenir seu aparecimento? Quais são os melhores tratamentos? Saiba mais. O que provoca neuralgia do trigêmeo? A neuralgia do trigêmeo é um distúrbio de condução nervosa. Como se fosse um curto-circuito em um fio elétrico. Qualquer pequeno estímulo pode disparar uma dor terrível.


A causa mais aceita para isso é uma alteração na bainha de mielina, uma espécie de capa que recobre o nervo (como se fosse mesmo uma capa de fio elétrico).


As alterações nas bainhas do nervo trigêmeo pode ser causada por compressão externa. Uma artéria que fique pulsando próximo a bainha do nervo, pode com o passar doa anos causar a lesão de sua bainha, sendo essa uma das principais causas atribuídas a neuralgia do trigêmeo.


Uma dilatação na artéria, como no caso de aneurismas, pode ser um fator agravante. A presença de um tumor, mesmo que benigno, pode também desencadear a neuralgia.


Algumas doenças crônicas como hipertensão e esclerose múltipla estão relacionadas com aumento da incidência da neuralgia trigeminal.


A esclerose múltipla é uma doença desmielinizante, ou seja, causa perda da bainha de mielina (aquela capa que cobre o neurônio).


Há uma percepção de que pacientes com hipertensão apresentam risco ligeiramente aumentado para desenvolvimento da neuralgia, talvez pelo aumento da pressão nos vasos que circundam o nervo.


A neuralgia do trigêmeo também pode se desenvolver após trauma, seja um trauma direto, como uma fratura, seja após uma cirurgia. Após acidentes vasculares cerebrais também pode haver maior risco da neuralgia.

Quem apresenta maior risco para neuralgia do trigêmeo?

Pessoas maiores de 40 anos (é raro ocorrer em pacientes mais jovens, mas pode, principalmente quando há outro fator de risco associado), mulheres (a neuralgia do trigêmeo acomete 3 mulheres para cada homem), pessoas com esclerose múltipla ( risco 10 vezes maior do que na população geral), pessoas submetidas a cirurgias faciais extensas e traumas com fraturas graves.


Como identificar a neuralgia do trigêmeo? Onde dói o nervo trigêmeo? Quais são os sintomas da neuralgia?


A neuralgia do trigêmeo apresenta-se com dor na face, geralmente de um só lado. Pode atingir a região superior da face (testa e região perto do olho), que é o território do primeiro ramo do nervo, que chamamos de V1.


Pode atingir a região da bochecha, nariz e maxilar, que é o ramo V2 e atingir a mandíbula e boca que é o ramo V3.


O paciente pode ter dor em mais de uma região e a combinação mais comum é V2 e V3, ou seja, a dor se extender desde a borda inferior da mandíbula até a bochecha ou maxila, passando por gengiva, céu da boca e nariz.


A dor é descrita como choque, facada ou pontada, que pode durar de segundos até 2 minutos. Após um tempo a dor volta a acontecer, em média, durante as crises, o paciente pode apresentar de 10 a 50 episódios em um único dia.


Existem períodos de remissão, quando a pessoa pode ficar meses sem dor. Mas aí a dor volta e fica semanas ou meses com crises diárias.


Tatiana conta como foi a primeira dor: "Eu senti um choque. Na hora, eu não dei bola. Aí, a partir do terceiro, mais ou menos, eu pensei em procurar a dentista. Eu extraí o dente do siso e extraímos mais um outro. E, claro, que não melhorou", ela lembra.


A partir dos 40 anos é onde o quadro, normalmente, se agrava e a doença se revela. Nesta idade avançada é comum a dificuldade de diagnóstico.


Outra mulher que passou por algo parecido, foi Fernanda do Paraná. Suas dores começaram em 2009.


"Vieram diagnósticos errados: enxaqueca, estresse, dor de dente e até problemas psiquiátricos",conta.


É muito comum que as pessoas tenham ido a diversos outros especialistas antes de chegar ao profissional correto, que consegue de fato definir que se trata de uma neuralgia no trigêmeo.


E isso é muito ruim, porque piora a qualidade de vida em razão de tamanha agonia. Podendo chegar à depressão, por sentir dor ao tentar falar ou ao tentar comer.


“É um quadro bem dramático quando a dor crônica é deflagrada” explica o Dr Bruno Miranda “alguns pacientes acabam indo ao dentista e podem fazer múltiplas extrações dentárias achando que é problema de dente ou uma ATM (Disfunção da Articulação Temporomandibular), e na verdade está sofrendo com uma neuralgia do trigêmeo”.


A dor começa de repente e é tão forte que não pode ser ignorada. Assim é descrita a doença que atinge um dos maiores nervos do corpo humano.


Surtos súbitos de dor, muito intensos e de curta duração (entre 1 segundo e 2 minutos, mas geralmente alguns poucos segundos) e descritos como um “choque” ou uma “sensação elétrica”


"É um choque, o choque dura segundos. Só que depois do choque, fica uma dor nessa região do rosto". Eu estou dormindo e eu sou acordada, eu pulo na cama com esses choques.


Um simples abraço, tão comum alguém vir te abraçar, dar um beijo. São coisas comuns a todo mundo, mas pra mim em épocas de crise, é cruel", conta Tatiana A dor resultante de neuralgia do trigêmeo pode aparecer espontaneamente, mas, muitas vezes, é desencadeada quando se toca num ponto específico (denominado ponto-gatilho) da face, dos lábios ou da língua ou por atividades como escovar os dentes ou mastigar.


Podem ser sentidos, em qualquer zona da região inferior da face, ataques repetidos de dor intensa, como se fossem relâmpagos; a dor, em geral, incide na zona da bochecha, junto do nariz, ou no queixo.


É habitual apenas um lado da face ser afetado. A dor é sentida, apenas, durante alguns segundos, podendo durar, por vezes, até 2 minutos.


Quando se repete até 100 vezes por dia, chega a ser incapacitante. Como a dor é intensa, as pessoas tendem a se retrair e, por isso, o problema é designado como um tique.


Normalmente, desaparece espontaneamente, mas é frequente que as crises se repitam após um longo período sem dor.

Como é feito o diagnóstico da Neuralgia do Trigêmeo?


O diagnóstico é exclusivamente clínico, ou seja, é realizado baseado na história que o paciente conta, em suas queixas, na descrição da dor e com o exame físico.


Os exames complementares são utilizados para avaliar se existem causas secundárias que precisam ser tratadas, como conflito vascular, aneurismas, tumores e esclerose múltipla por exemplo.


Quais os tratamentos para a neuralgia do trigêmeo?


O tratamento inicial para a neuralgia do trigêmeo é o medicamentoso. A classe de medicamento comumente usada é a dos anticonvulsivantes.


Assim como nas crises convulsivas, o que precisamos aqui é acalmar os disparos aleatórios desse nervo. Existe uma medicação chamada Carbamazepina, que é a mais utilizada e apresenta melhor resposta no controle da dor nos pacientes com neuralgia do trigêmeo.


Este remédio deve ser prescrito por médico habilitado e apresenta uma série de contraindicações e eventos adversos possíveis, por isto, não se automedique.


De uma forma geral, metade dos pacientes com neuralgia do trigêmeo ficam bem com esta medicação e conseguem ter uma melhor qualidade de vida.


E quando o tratamento medicamentoso não ameniza a neuralgia do trigêmeo?


Existem diversas opções de procedimentos para o controle da dor nos pacientes que possuem neuralgia trigeminal. Estes procedimentos são bastante efetivos no controle da dor.


Os dividimos em 2 grandes grupos de cirurgia da neuralgia do trigêmeo. São eles:


1) Procedimentos percutâneos para tratamento da neuralgia do trigêmeo


Neste grupo incluímos a compressão do gânglio trigeminal por balão, a lesão da raiz trigeminal por radiofrequência (rizotomia) e outras técnicas de ablação (lesão do nervo trigeminal por radioterapia).


A vantagem destas técnicas é ser menos invasiva, pois não requer corte. O procedimento é todo realizado com a introdução de uma cânula com visualização pela fluoroscopia, uma espécie de raio-x.


Quando nos certificamos que estamos no local correto o tratamento é realizado.

Na compressão percutânea, insuflamos um pequeno balonete no interior do nervo, durante 60 segundos e então esvaziamos o balão e retiramos a cânula.


Na rizotomia, ou seja, ablação por radiofreqüência, a própria cânula tem em sua ponta um eletrodo que emite uma energia, fazendo assim o tratamento no interior do nervo.


Esses procedimentos são realizados com anestesia e o paciente é liberado algumas horas após. A melhora das dores pode ser obtida em até 90% dos pacientes.


2) Procedimentos cirúrgicos (Descompressão neurovascular de nervos cranianos)


Nos casos que detectamos alguma alteração corrigível por cirurgia nos exames de imagem, essa é o procedimento de escolha.


Os aneurismas podem ser tratados via endovascular e as cirurgias de descompressão são bastante efetivas.


Qual opção de tratamento da neuralgia do trigêmeo escolher?


A neuralgia do trigêmeo é uma doença grave, debilitante, que atrapalha e muito a vida dos pacientes.


Se você ou algum conhecido seu apresentar esta condições, procure um especialista, ou seja, alguém habilitado a realizar o diagnóstico e tratamento de forma segura e eficaz.

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