NEURALGIA DO TRIGÊMEO
A neuralgia do trigêmeo é considerada uma das piores dores que o ser humano pode sentir. Essa dor acomete a face, geralmente de um só lado, podendo pegar a região da testa, dos olhos, da bochecha, mandíbula, ou uma combinação dessas regiões. A dor geralmente é descrita com choque, pontada ou fisgada, de forte intensidade, durante entre alguns segundo a 2 minutos. Apesar do curto período de tempo, ela fica recorrendo podendo chegar a vários episódios no mesmo dia.
A dor pode ser provocada por situações simples como escovar os dentes, mastigar, secar o rosto ou mesmo um simples vento no rosto já pode desencadear os episódios. A taxa de incidência anual é de cerca de 4 pessoas em 100.000 na população geral. É um problema de saúde que acomete mais os idosos, sendo que entre o sexo feminino também há maior frequências de relatos.
O que é a neuralgia do trigêmeo?
O trigêmeo é o nervo responsável, principalmente, pela sensibilidade da face. Ele sai do tronco cerebral e emerge na face, dividindo-se em 3 ramos, por isso o nome trigêmeo. O ramo superior ou V1 inerva a testa e região da órbita (olho). O ramo V2 é responsável pela bochecha, nariz e céu da boca. O ramo mais inferior, chamado de V3, inerva a mandíbula gengiva inferior e língua.
O mecanismo mais aceito da neuralgia do trigêmeo é relacionado a alteração de sua bainha. A bainha do nervo da a proteção e serve para regular os impulsos nervosos. Quando há uma lesão na bainha, o nervo fica como um fio desencapado e qualquer estímulo pode gerar um curto-circuito.
Na maioria das vezes não acha-se uma causa para a neuralgia, chamando-a de idiopática (sem causa conhecida). Em alguns casos a neuralgia do trigêmeo pode ser secundária a compressão do nervo por alguma artéria ou veia e isso pode ser visto na ressonância magnética. Outra causa que deve ser pesquisada é a esclerose múltipla.
Depressão e ansiedade
Assim como em outros casos de dores crônicas, a neuralgia do trigêmeo pode provocar quadros de ansiedade e depressão nos pacientes por causa das fortes dores que impedem o desempenho de tarefas cotidianas, sejam elas domésticas ou profissionais. O acompanhamento psicológico é fundamental para o bom resultado do tratamento.
Como tratar a neuralgia do trigêmeo?
Depois do diagnóstico, que pode ser feito clinicamente com a análise dos sintomas e o exame físico, o tratamento é feito inicialmente com o uso de medicação. Os medicamentos da classe dos anticonvulsivantes tem papel central no tratamento. Outras medicações como antidepressivos e analgésicos opióides também podem ser utilizados. Quando o tratamento medicamentoso é inefetivo ou gera muitos efeitos colaterais, o paciente pode optar pelos tratamentos intervencionistas, como a descompressão do nervo trigêmeo por balão, neuromodulação ou ablação por radiofrequência.
Os procedimentos são realizados no hospital, de forma percutânea, ou seja sem necessidade de cortes. O paciente é submetido a uma sedação por um anestesista, sendo então introduzida uma cânula, que é uma espécie de agulha, junto ao nervo. Usando uma imagem de radiografia em tempo real para guiar o procedimento temos precisão milimétrica no posicionamento. Uma vez que a cânula esteja corretamente posicionada o tratamento é realizado. O paciente é liberado cerca de 2 horas após o procedimento. As taxas de sucesso desses procedimentos percutâneos variam entre 75 e 95%.